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Sabemos que os escravos trazidos da África eram aproveitados nas mais diversas atividades econômicas. Negros e negras desempenhavam todas as funções nos engenhos, cuidavam da agricultura, da pecuária, trabalhavam em minas de ouro e pedras preciosas, além de participar, ativamente, no zelo das tarefas domésticas de seus proprietários.
Neste contexto, a negra escrava sempre foi vista como um bem econômico superior ao negro. Somente elas podiam gerar filhos, e isso facilitava muito o negócio dos escravos porque a importação de negros era um mercado relativamente caro. Desde o princípio do Brasil, a negra foi vista como um objeto de serventia e, numa linguagem um tanto chocante, um animal reprodutor. Entretanto, apesar do interesse no novo "escravo" prestes a nascer, os senhores proprietários de escravas não lhes permitiam qualquer descanso ou folga em seus afazeres durante o período de gravidez.
Além disso, havia o antagonismo da relação senhor e escrava. Muitos senhores se esqueciam, momentaneamente, do abismo social que os separava de suas escravas e mantinham relações sexuais com elas, muitas vezes gerando filhos que nunca eram reconhecidos. Muitas destas escravas praticavam o aborto, por vergonha ou ódio do filho que estavam gerando e com medo de represálias por parte de suas patroas. Sua dignidade seja como mulher, seja como mãe, nunca fui reconhecida.
A situação das mulheres negras, hoje, não é muito diferente se falarmos em termos de dignidade. Findo o período escravocrata, permaneceu o preconceito. Sabe-se que mulheres brancas possuem melhores oportunidades do que mulheres negras seja no trabalho, na vida social, na escola etc. Mulheres negras são quase sempre vistas com má índole, como ladras ou prostitutas. Serviços domésticos, por exemplo, são em sua maioria realizados por mulheres negras, um reflexo de nossa herança escravocrata.
Um relatório da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), realizada em 1990, divulgou que a taxa de analfabetismo entre as mulheres negras, naquele período, chegava ao dobro da taxa verificada para as mulheres brancas. Do total de mulheres negras maiores de cinco anos, 33,1 % estavam na condição de analfabetas. No caso das mulheres brancas esse percentual era de 18,5%. A mesma pesquisa informou que as mulheres negras ocupadas em atividades manuais perfaziam um total de 79,4%, sendo 51% envolvidas com trabalho doméstico em geral, e 28,4% como cozinheiras, serventes e lavadeiras. Em atividades como secretariado, recepção e vendas, encontravam-se 7,4% das mulheres negras. Já em funções técnicas, administrativas, científicas, artísticas entre 5,3 e 10%.
Uma realidade triste se nos lembrarmos que a população negra corresponde a 48% de toda a população brasileira. As mulheres negras são visivelmente excluídas de melhores oportunidades de trabalho e estão fora da equidade social deste país.
Postado por: Franciane Schultz
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